quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Essas figurinhas...

Todo mundo tem notado essas figurinhas que têm surgido na internet, causando uma grande polêmica com assuntos delicados como preconceito, pedofilia e violência. Nem sequer pretendo citar nomes ou postar os links, qualquer curioso achará rapidamente, mas eu não gosto e nem vou passar isso a frente. Por mim essas coisas morriam com menos de 100 acessos, mas a internet tá aí pra isso: pra as pessoas se expressarem e compartilharem ideias, por mais tortas que sejam.

Primeiro fiquei chocado com um blog que pregava a violência como forma única se dar bem. Depois, o que mais me chocou (e até hoje e ainda me dá ânsia de vômito), um que ensina a estuprar crianças, fora outras postagens que montam uma personagem tão absurda que, mesmo fictícia, a própria concepção dela é uma monstruosidade. Por fim os twitters das jovens que odeiam nordestinos e negros, e agora se fazem de vítima e culpam o governo socialista (???) de estar entregando tudo na mão desses "miseráveis" da minoria enquanto pregam o racismo da forma mais estúpida que conseguem.

Inicialmente a gente fica revoltado, é claro. Mas depois o contexto vai ficando mais completo conforme outras pessoas vão dando opiniões do tipo: "deveria haver algum tipo de controle disso", "um pouco de censura nesse caso não faria mal" e "a polícia deveria fazer algo a respeito"... e é nessas horas que eu começo a entender as coisas, deixando a raiva de lado.

Explico: O tipo de pessoa que acha uma censura saudável é exatamente o tipo de pessoa que criou o quadro onde essas figurinhas se proliferam. É claro que tapar o sol com uma peneira de aço é mais conveniente, mas será que punir e cercear é a única solução? Eu fui um dos que li aquele monte de absurdos, mas nem por isso aderi à imbecilidade, isso basicamente porque, por força do destino ou sorte, tive alguma educação. E é dessa "arma" que deveríamos estar falando, não de censura e responsabilidade das autoridades policiais.

Tivessem essas pessoas tido uma educação decente para se tornarem mais bem resolvidos sexualmente e menos ignorantes a respeito de distorcidos valores sociais e sequer precisaríamos de uma censura ou punição. Claro que aberrações sociais sempre vão existir, mas ao menos quando surgissem nós veríamos com mais compreensão o quão distante aquilo está de uma realidade maior. O que nos enfurece é que sabermos o quanto essas ideias tortas dessas figurinhas estão espalhadas.

(E uma ressalva para o termo "EDUCAÇÃO" que empreguei: Não estou falando que o governo é culpado pelo mal investimento na educação. Óbvio que essa é uma das partes da equação, mas convenhamos, educação em casa também está faltando. Educação nos meios de comunicação em massa também. Educação sempre foi e sempre vai ser responsabilidade de TODOS. Mas esse é um assunto pra depois.)

A internet é um meio livre, e isso tem funcionado incrivelmente bem até então. Opiniões drásticas e mesmo lamentáveis existem, sempre vão existir, sendo elas expostas ou não. Deveríamos enxergar a oportunidade de encontrar essas figurinhas e começar a abrir um diálogo educado e sincero com essas pessoas. Uma oportunidade de reverter a situação mesmo que tardiamente. Ódio e retaliação é tudo que essas pessoas querem para aumentar seu ibope, mas educação é uma arma poderosa. Não gostamos de assumir, mas parte da culpa está aqui, nas nossas cabeças, nas nossas ações cotidianas. É difícil ter sangue frio e tentar resolver as coisas com serenidade.

Claro que crimes DEVEM ser punidos, mas só o castigo não vai bastar. Punição aos pedófilos, racistas e espancadores, SIM, mas também clareza de ideias para lidarmos com isso. Censurar é escondê-los. Vamos abrir os olhos e não se deixar levar pelo ódio dessas figurinhas. Façamos isso pelo bem da nossa sociedade, não por satisfação própria de castigar alguém pela insegurança que sentimos. É difícil, eu sei. Eu mesmo tenho dificuldades de lidar com a revolta que essas pessoas me dão. Mas se eu não agir exatamente como oposto deles, só estarei distribuindo suas palavras.

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