quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

UNHÉÉÉÉÉÉ!!!

"Se eu tenho sérios problemas de auto-estima e preciso de aprovação alheia, então dê um curtir. Se sou carente ao ponto de ser doentio e extremamente mal resolvido, dê um compartilhar."

(É isso que eu leio quando vejo essas imagens de "disputas" de curtir/compartilhar. Sério mesmo? Você não consegue ter ideia própria e não se importar com o que os outros pensam? Tem mesmo que rastejar lambendo botas por "curtir" e "compartilhar"?)

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

"No meu tempo..."

É preciso ter cuidado quando usamos a expressão "no meu tempo".

Existe uma regularidade no equívoco de acharmos que certo padrão de comportamento é exclusivo de uma década específica. A maioria dos defeitos da sociedade sempre estiveram presentes, nós é que não tínhamos acuidade perceptiva para notar. Mas frente a certas modas e tecnologias tenho segurança de dizer:

"No meu tempo, sentimento não era guerra por atenção."

Lembro perfeitamente que amores, paixões e sentimentos eram assuntos velados, escritos em diários e cadernos secretos na esperança inútil de que só uma pessoa especial lesse um dia. Quando assuntos do coração eram sussurrados, olhando para todos os lados no sincero resguardo do sentimento mais puro. Eram temas de bilhetes e cartas escondidas que torcíamos para nunca cair em mãos erradas, passados de forma engenhosa pela sala de aula ou no sigilo do correio.

E hoje? Hoje eu vejo uma propagação de carência pedante, implorando condescendência, complacência, apelativa e depreciativa na busca dos "curtir", como se a busca pelo sentimento em si fosse só faixada para uma orgia egocêntrica que mede sua capacidade de ser superior pelo número de "curtir", ao ponto de deixarmos de lado a própria criatividade e paixão pela vida. Ao invés de poemas e desenhos de corações partidos, as pessoas dão "compartilhar" em imagens estapafúrdias com textos pré-prontos, esperando comentários apelativos de apoio vazio e curtição irrefletida.

Nesses assuntos, confesso, prefiro permanecer um conspirador. Não vou fazer um show para massagear o ego alheio. Não compro amor por perseguição cibernética. É engraçado ver pessoas que "paqueram" na internet marcando território, querendo se fazer presente em tudo que é post, comentário e twit. A mim parece mais como um cão mijando em volta de uma árvore do que o velho e bom flerte secreto, com sorrisos distantes e ações significativas. Mais hilário é que, depois da conquista, os "stalkers" apenas sacodem o troféu e somem da presença na internet que tanto faziam questão de assinalar.

No meu tempo, sentimento era coisa séria. Era pra sempre e não se media pela capacidade de marcar o território virtual. A gente sabia o que queria no olhar, no gesto, no sonho ou ilusão. Não era implorar por aprovação. A mim basta estar apaixonado e tudo fica mais bonito, sem que ninguém precise concordar comigo.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Essas figurinhas...

Todo mundo tem notado essas figurinhas que têm surgido na internet, causando uma grande polêmica com assuntos delicados como preconceito, pedofilia e violência. Nem sequer pretendo citar nomes ou postar os links, qualquer curioso achará rapidamente, mas eu não gosto e nem vou passar isso a frente. Por mim essas coisas morriam com menos de 100 acessos, mas a internet tá aí pra isso: pra as pessoas se expressarem e compartilharem ideias, por mais tortas que sejam.

Primeiro fiquei chocado com um blog que pregava a violência como forma única se dar bem. Depois, o que mais me chocou (e até hoje e ainda me dá ânsia de vômito), um que ensina a estuprar crianças, fora outras postagens que montam uma personagem tão absurda que, mesmo fictícia, a própria concepção dela é uma monstruosidade. Por fim os twitters das jovens que odeiam nordestinos e negros, e agora se fazem de vítima e culpam o governo socialista (???) de estar entregando tudo na mão desses "miseráveis" da minoria enquanto pregam o racismo da forma mais estúpida que conseguem.

Inicialmente a gente fica revoltado, é claro. Mas depois o contexto vai ficando mais completo conforme outras pessoas vão dando opiniões do tipo: "deveria haver algum tipo de controle disso", "um pouco de censura nesse caso não faria mal" e "a polícia deveria fazer algo a respeito"... e é nessas horas que eu começo a entender as coisas, deixando a raiva de lado.

Explico: O tipo de pessoa que acha uma censura saudável é exatamente o tipo de pessoa que criou o quadro onde essas figurinhas se proliferam. É claro que tapar o sol com uma peneira de aço é mais conveniente, mas será que punir e cercear é a única solução? Eu fui um dos que li aquele monte de absurdos, mas nem por isso aderi à imbecilidade, isso basicamente porque, por força do destino ou sorte, tive alguma educação. E é dessa "arma" que deveríamos estar falando, não de censura e responsabilidade das autoridades policiais.

Tivessem essas pessoas tido uma educação decente para se tornarem mais bem resolvidos sexualmente e menos ignorantes a respeito de distorcidos valores sociais e sequer precisaríamos de uma censura ou punição. Claro que aberrações sociais sempre vão existir, mas ao menos quando surgissem nós veríamos com mais compreensão o quão distante aquilo está de uma realidade maior. O que nos enfurece é que sabermos o quanto essas ideias tortas dessas figurinhas estão espalhadas.

(E uma ressalva para o termo "EDUCAÇÃO" que empreguei: Não estou falando que o governo é culpado pelo mal investimento na educação. Óbvio que essa é uma das partes da equação, mas convenhamos, educação em casa também está faltando. Educação nos meios de comunicação em massa também. Educação sempre foi e sempre vai ser responsabilidade de TODOS. Mas esse é um assunto pra depois.)

A internet é um meio livre, e isso tem funcionado incrivelmente bem até então. Opiniões drásticas e mesmo lamentáveis existem, sempre vão existir, sendo elas expostas ou não. Deveríamos enxergar a oportunidade de encontrar essas figurinhas e começar a abrir um diálogo educado e sincero com essas pessoas. Uma oportunidade de reverter a situação mesmo que tardiamente. Ódio e retaliação é tudo que essas pessoas querem para aumentar seu ibope, mas educação é uma arma poderosa. Não gostamos de assumir, mas parte da culpa está aqui, nas nossas cabeças, nas nossas ações cotidianas. É difícil ter sangue frio e tentar resolver as coisas com serenidade.

Claro que crimes DEVEM ser punidos, mas só o castigo não vai bastar. Punição aos pedófilos, racistas e espancadores, SIM, mas também clareza de ideias para lidarmos com isso. Censurar é escondê-los. Vamos abrir os olhos e não se deixar levar pelo ódio dessas figurinhas. Façamos isso pelo bem da nossa sociedade, não por satisfação própria de castigar alguém pela insegurança que sentimos. É difícil, eu sei. Eu mesmo tenho dificuldades de lidar com a revolta que essas pessoas me dão. Mas se eu não agir exatamente como oposto deles, só estarei distribuindo suas palavras.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Haters gonna Hate!

Quanto tempo do dia você gasta odiando as coisas?

Parece uma pergunta incomum, mas se parar pra observar como anda o conteúdo da internet e até como seus amigos andam se comportando e se expressando, é provável que note uma curiosidade: o demasiado tempo que as pessoas gastam literalmente ODIANDO coisas.

Não faz muito tempo, coisas ridículas e cafonas (como várias músicas, novelas e filmes B) eram considerados engraçados. Lembro de uma irritante novela infantil de menininhas dançarinas cantoras chamada Chiquititas. Mesmo 20 anos atrás já era algo muito cafona, mas as piadinhas e risadas tinham tempo certo, limitavam-se a um comentário maldoso na escola ou escárnio leve durante um aniversário ou churrasco. Era tão ridículo que era passível de paródias jocosas mesmo por parte dos meninos só para implicar com a turma do colégio, mas morria ali. Malhação era outra novela que era motivo de piada.

A diferença é que hoje você chega em casa e tem essa enxurrada de manifestações de ódio contra o brega e o cafona. As pessoas perdem tempo de suas vidas criando JPGs, criando mensagens permanentes e se sentindo profundamente ofendidas pelo que deveria ser apenas motivo de outra piada.

Conheço pessoas críticas, ácidas, autênticas, e essas gostam de expor suas críticas. Criticar é bom, é saudável, nos ajuda a pensar em como melhorar. Mas tem algo nesses tais "haters" de plantão que mata a autenticidade. Eles tratam seu objeto de ódio como uma constante ofensa pessoal e gastam mais tempo remoendo a raiva do que vivendo a própria vida longe disso.

Acha difícil? Bem, eu particularmente não gosto de futebol. Já tentou ser um brasileiro que não gosta de futebol? Você vai ouvir disso o dia todo, todos os dias da sua vida, mas eu levo numa boa. Guardo minha opinião com o respeito que dou aos outros de gostarem, e caso alguém queira debater o porque, eu darei meus motivos com sinceridade e tranquilidade.

Tenta conversar com alguém que odeia Crepúsculo. E é o tipo de pessoa que reclama "Essa merda está em todo lugar"! Sério? Todo lugar mesmo? Até ontem tinha mais gente falando de futebol do que de Crepúsculo... mas tudo bem! Cada um com seu pesadelo paranoico.

Uns anos atrás música sertaneja já era cafona e as pessoas riam, até sabiam os refrões que repetiam insistentemente na televisão e fazíamos troça, todo mundo ria. Faz isso hoje numa mesa de bar e alguém vai levantar profundamente ofendido e dizer bem alto para que "parem com essa merda ou eu vou embora daqui". História verídica.

Parece que foi ontem, as pessoas ao ir ao cinema diziam desapontadas: "Poxa, só tem dublado. Tudo bem". Agora eu já vejo gente reclamando, ofendidíssimo, com o gerente do cinema, exigindo cópias legendadas. Essa própria onda de ódio ao material dublado é algo exagerado por natureza, pois ninguém exige cópias de som original do Chaves.

Bem, já terminei o meu tempo destinado à minha crítica e vou voltar ao meu cotidiano, observador, sempre. Criticando, sim, claro, se achar coerente e no espaço certo: esse blog. Ninguém é obrigado a ler de qualquer forma, mas mesmo assim, já sei. Haters gonna hate it.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Não pense, compartilhe.

Quem tem facebook está vivendo o mesmo pesadelo que eu.

Todo dia uma enxurrada de imagens compartilhadas. Sei que há mais gente incomodada com isso além de mim. Nem é pelas imagens, pois compartilhar fotos é uma ideia até bem bacana, nós nos comunicamos muito pelo sentido da visão. O que incomoda são esses JPG cheios de textos com ideias pré-fabricadas. Na boa, qual a dificuldade de escrever? É até irônico que, por um bom tempo, uma dessas imagens mais compartilhadas era "a favor do português", mas se dar ao trabalho de digitar que é bom, nada, né? Por isso as pessoas ficam cada vez mais burras! Ninguém desenvolve mais nada! Basta clicar e pronto, você já é um filósofo, um profeta, um poeta (Clarice Lispector se contorcendo na tumba), um crítico. Tudo ao alcance do seu mouse, sem esforço (mental) ou prática (crítica).

E se não bastasse essa sensação de estar vivendo no meio de cordeiros hipnotizados você ainda tem que lidar com memes e imagens de 4 anos atrás como se fosse a grande novidade da internet. Ah, pode me chamar de hipster, mas eu não clamo por já conhecer essas coisas antes de ser cool, o que critico é o quanto dá pra ser impróprio com essas velharias em redes sociais. Antigamente o ditado era: escreveu, não leu, pau comeu. Agora analise: O campo que você está pra preencher está escrito "no que você está pensando" e tudo que você faz é dar Ctrl+V? Ou nem isso, você só vai no link "compartilhar"? Que mude o ditado: Gostou, não pensou, compartilhou.

Por favor, querem usar a cabeça só pra enfeitar o pescoço, beleza... mas pelo menos se deem ao trabalho de digitar ao invés de transmitir 200 K-bytes de texto em figurinhas. Se quiser fazer bonito mesmo: pensa, elabora, cria e mostra quem você realmente é. E se estiver pensando em alguma música ou imagem bem legal, divide com a gente que não faz mal. Só se dá ao trabalho de usar o cérebro pra variar.

90's bitches... please...

Hoje vi mais uma dessas imagens compartilhadas de facebook que me desafiam a lógica. Ainda vou comentar sobre isso, mas voltando o foco para o acontecido, acredito que devo uma resposta pra esse tipo de raciocínio torto. Me contive para não ofender diretamente o pequeno ser compartilhador compulsivo, afinal tenho certeza que a criatura não fazia ideia do que estava dizendo, apenas clicando em qualquer coisa que impulsionasse o ego. Além do mais, respostas de facebook com mais de 2 linhas não costumam ser lidas, e ainda tem quem reclame... Já que estou fora dessa onda de viver em JPG, aqui mesmo fica a imagem e a resposta:


Bitch, please... fiz isso tudo e ainda vi a queda do muro de Berlim, fiz escola num mundo sem internet, sem Ctrl+C Ctrl+V, assisti o nascimento e morte de tecnologias que você nunca ouviu falar e até hoje influenciam a forma que você pensa. Cresci sem toda essa apelação sexual da TV e da música, aproveitei meu tempo de forma saudável e só com 10 anos a mais pude assistir já consciente do retrocesso na forma de viver e perceber o tempo que faz crianças se acharem melhores que qualquer um por causa de meia dúzia de coincidências numéricas que já aconteceram há milênios em outras culturas.